O INFERNO ASTRAL DE SILVAL BARBOSA

Publicado por Unknown | quinta-feira, 26 de janeiro de 2012 | 12:04

O ano de 2011 foi de absoluto inferno astral para o governador Silval Barbosa. Muitas crises complexas e desgastantes. O que se percebe é que ele se colocou ou foi colocado sozinho no trono dos problemas. Todas as crises bateram no peito primeiro, pra depois se espalhar no governo. Talvez seja um estilo pessoal. Mas talvez seja consequência da rede de partidos políticos de sua base de apoio. Nesse caso, as crises só tendem a aumentar e a desgastá-lo pessoalmente. Isso interessa a mais gente do que se pensa...!

            Tomo a liberdade de trazer algumas reflexões sobre isso, de experiências anteriores que se protegeram dessa armadilha mediante um “núcleo duro do governo” para fazer as análises críticas da gestão. Lembro particularmente a gestão do ex-governador Dante de Oliveira, que viveu um dos momentos mais difíceis da gestão pública estadual a partir de 1995. Ele encontrou o Estado quebrado, devendo dois de cada três reais arrecadados, fora a dívida com a União. Dante criou o seu núcleo duro, formado por alguns nomes como Júlio Muller, Valter Albano, Antonio Joaquim, Antero Paes de Barros, Paulo Ronan, Frederico Muller, Guilherme Muller, Vivaldo Lopes, Maurício Magalhães. Uns tinham perfil político, e outros perfil técnico.

            Qualquer assunto relevante nascido dentro no governo ou vindo de fora passava pelo crivo impiedoso do núcleo. Às vezes quase se trituravam nas discussões internas. A essência do assunto era levada ao governador que agregava as suas percepções ou prerrogativas do cargo. De novo, cabe um exemplo: essa postura que a atual Defensoria Pública vem impondo ao governo tentando criar uma crise política patrocinada por parlamentares, seria tratada dentro do núcleo duro e, certamente, o chefe da Casa Civil, Antero Paes de Barros, seria designado para dar um “toin” na cabeça do Defensor a fim de repor a discussão no canal administrativo e não no canal político. Por vezes, o governador nem participava do assunto. Ou, entrava como magistrado pra dar o tom definitivo. A reforma fiscal que o Estado sofreu, foi de uma dureza inacreditável e não gerou crise. Fechou-se instituições tradicionais como o Banco do Estado, municipalizou-se a Sanemat, privatizou-se a Cemat, etc. E se demitiu 10 mil funcionários interinos. Não houve crise porque se sistematizou a ação dentro de uma lógica muito ampla que a sociedade compreendeu, tanto que dois anos depois reelegeu Dante de Oliveira para mais um mandato.

            Parece urgente o governador Silval Barbosa construir um núcleo duro para a sua proteção e para dar uma consistência de sistemática à sua gestão que só tem mais três anos de vida. Antecessores como Garcia Neto, Frederico Campos, Júlio Campos, Carlos Bezerra, Jaime Campos e Blairo Maggi tiveram seus núcleos duros. E eles não enfrentavam essa praga, como hoje, das coligações de partidos que depois se apossam dos governos para usos partidários nem sempre republicanos.

Onofre Ribeiro é jornalista em Mato Grosso
onofreribeiro@terra.com.br

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