Riva desviou dinheiro para “compra antecipada de votos” e pode ser condenado até 45 anos de prisão

Publicado por Unknown | sexta-feira, 23 de outubro de 2015 | 03:44

Em denúncia, MPE diz que grupo constituiu e integrou organização criminosa para "saquear os cofres públicos"

 

Em denúncia formalizada contra o ex-presidente da Assembleia Legislativa, José Riva (sem partido), e outras 23 pessoas acusadas de desvios no Legislativo, o Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado (Gaeco) afirmou que recursos públicos da entidade foram utilizados para “compra antecipada de votos” por parte do ex-parlamentar.

A denúncia foi oferecida pelos promotores Samuel Frungilo, Marcos Bulhões dos Santos e Carlos Roberto Zarour Cesar, que compõem o Gaeco.

De acordo com eles, entre os anos de 2010 até os dias atuais, Riva e os demais denunciados constituíram e integraram uma organização criminosa "estruturalmente ordenada e caracterizada pela divisão de tarefas, com o objetivo de saquear os cofres públicos, notadamente os recursos públicos da Assembleia Legislativa de Mato Grosso".

Os valores desviados, conforme o Gaeco, foram utilizados para as mais “estapafúrdias finalidades”.

O então Deputado Riva cuidou de, sistematicamente, ‘fazer cortesia com chapéu alheio’, em manifesta ‘compra antecipada de votos

A denúncia cita, por exemplo, que parte dos recursos desviados do Legislativo era destinada à manutenção de duas instituições mantidas pelo ex-deputado: a “Casa de Apoio a Doentes” e o “Escritório de Saúde”.

“O então deputado Riva cuidou de, sistematicamente, ‘fazer cortesia com chapéu alheio’, em manifesta ‘compra antecipada de votos’”, diz trecho da denúncia.

Na denúncia, os promotores reiteraram que os valores desviados dos cofres públicos também serviam para atender despesas pessoais de Riva.

Os fatos, segundo o Gaeco, ficaram evidenciados por meio de documentos apresentados pela funcionária da Assembleia, Marisol Castro Sodré – também denunciada no esquema –, e que era, de acordo com o MPE, a responsável pela “contabilidade do crime”.

“Ocorre que o dinheiro ‘arrecadado’ pelos servidores era, na verdade, utilizado para fins outros que não aquele a que se destinavam, conforme esmiuçado nos documentos apresentados pela investigada Marisol Castro Sodré, que indica o uso de dinheiro público para as mais estapafúrdias finalidades: formaturas (inclusive de universidades privadas), passagens, exames médicos, velório, massagistas, litros e litros de uísque, ‘mensalinhos’ para vereadores e apoiadores políticos, jantares, dentre outros”, cita a denúncia.

Dinheiro público foi usado para as mais estapafúrdias finalidades

Consta ainda que “o bando criminoso chegou ao cúmulo de pegar recibo dos ‘mimos’ distribuídos para os ‘simpatizantes’ do líder da organização criminosa, José Geraldo Riva”.

Tais fatos também teriam sido comprovados por meio de documentos apresentados, espontaneamente, pela servidora Marisol Sodré ao Ministério Público estadual (MPE).

Destruição de provas

O Gaeco também constatou, com base nas apreensões e nos depoimentos, que boa parte dos recibos dos gastos feitos com o dinheiro supostamente desviado foi destruída.

“Infelizmente, estes recibos representam apenas valores distribuídos pela organização criminosa nos meses de junho, julho e outubro de 2012, já que os demais foram destruídos por ela”, diz o Gaeco.

Segundo depoimento de Marisol, a destruição das provas foi realizada por ela, a mando da servidora Maria Helena Ribeiro Ayres Caramelo, também denunciada na ação e considerada uma das líderes do esquema.

“Tal procedimento demonstra que Riva não confiava totalmente em seus asseclas e queria ter ao seu dispor uma “prestação de contas” detalhada do destino do dinheiro público desviado”, afirmaram os promotores.

Denúncia

O ex-deputado José Riva é acusado pelo Gaeco pelos dos crimes de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e coação no curso do processo.

Segundo o MPE, por esses crimes, ele pode ser condenado a até 45 anos de prisão.

Riva está preso, no Centro de Custódia da Capital, desde o último dia 13, quando foi deflagrada a Operação Metástase.

O ex-deputado foi preso por meio de uma decisão da juíza Selma Arruda, da Vara de Combate ao Crime Organizado da Capital.

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